A Polícia
Civil prendeu na manhã desta sexta-feira (4) mais dois suspeitos de
envolvimento nas mortes do croata Ante Stanic e do sueco Faik Nekic. Os
europeus foram torturados e assassinados na madrugada do dia 8 de março dentro
de uma casa na praia de Jenipabu, no litoral do Rio Grande do Norte. Um jovem
de 19 anos e outro de 22 foram convocados a comparecer à delegacia para
prestarem esclarecimentos. Porém, ao se apresentarem, souberam que havia
mandados de prisão preventiva contra eles.
De acordo
com a assessoria de comunicação da Polícia Civil, os dois suspeitos foram
identificados após ouvirem depoimentos de quatro pessoas presas por
participação nos homicídios. Com mais estas duas prisões, a polícia afirma ter
concluído as investigações.
Os
suspeitos serão indiciados por extorsão, latrocínio e associação criminosa. Se
condenados, podem pegar até 30 anos de prisão.
Segundo o
delegado Daniel Couto, a motivação do crime se deu por causa de um suposto
cofre contendo R$ 100 mil, dinheiro que estaria na casa do estrangeiro.
Operação
Luxúria
Dez dias
após a morte dos estrangeiros, a polícia prendeu cinco suspeitos de
participação no crime. Um delas foi solta depois. Entre os que ficaram detidos,
está uma jovem de 18 anos. "Ela admitiu que tinha um relacionamento
amoroso com o croata e disse ter ouvido ele dizer que tinha R$ 100 mil em casa.
Então ela ligou para os comparsas, que foram lá com a intenção de pegar o
dinheiro. Os europeus foram torturados de forma cruel", afirmou Daniel
Couto, titular da Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista (Deatur). A
ação foi batizada de operação Luxúria.
Falha na
comunicação
Para o
delegado, houve uma falha de comunicação, o que acabou levando a jovem a
acreditar que existia dinheiro no imóvel. “Como o croata não falava português
fluente, creio que ela deve ter entendido errado a informação”, explicou.
As
investigações da Polícia Civil apontaram que os suspeitos teriam passado cerca
de três horas dentro do imóvel das vítimas, tendo eles chegado pouco depois da
meia-noite e saído por volta das 3h do dia 8. Os corpos só foram encontrados
pelo caseiro à tarde.
Quando
encontrados, os corpos dos estrangeiros tinham mãos e pés amarrados e sacos
plásticos cobrindo as cabeças. O croata também tinha um lençol envolto no
pescoço e uma bola de meia na boca. Um carro alugado e pertences das vítimas
foram levados. O veículo também foi encontrado nesta manhã.
De acordo
com o Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), Ante Stanic e Faik Mekic
morreram sufocados - possivelmente vítimas de asfixia. Os laudos, no entanto,
ainda não foram concluídos. Material genético coletado sob as unhas dos
europeus também está sendo analisado e pode confirmar se houve luta corporal. O
resultado deve ajudar a identificar os agressores.
Os dois
corpos continuam na sede do Itep, em Natal, que aguarda pelos familiares das
vítimas para que estes providenciem as liberações para traslado e sepultamento
em seus países de origem. As embaixadas da Croácia e Suécia já foram informadas
oficialmente dos crimes estão auxiliando os parentes.
'Muito
torturados'
De acordo
com o delegado Everaldo Lemos, que no dia do crime esteve no imóvel onde os
corpos foram encontrados (a casa pertencia ao croata Ante Stanic), "os
criminosos usaram de muita violência" e os estrangeiros "foram muito
torturados".
O delegado
também deu detalhes de como os corpos foram achados pelo caseiro:
"amarraram os braços bem forte e os amordaçaram. Chegaram a usar dois
sacos para sufocar os homens e ainda os espancaram para agilizar a asfixia.
Sufocaram por falta de ar e pelo sangue que acumulou”.
Ainda
segundo o delegado, vizinhos viram mulheres na casa com os europeus. "Eles
estavam dando uma festa e, possivelmente, essas mulheres facilitaram a entrada
de outras pessoas no local. É uma linha a ser seguida", explicou Lemos.
Situação
legal
A Polícia
Federal do Rio Grande do Norte confirmou ao G1 que os estrangeiros entraram no
Brasil de forma legal. "Eles entraram no país pela cidade do Recife em 14
de janeiro passado, com vistos de turistas. Stanic tem várias passagens pelo Brasil,
sempre como turista, e Mekic veio pela primeira vez no ano passado. Nunca houve
qualquer queixa contra nenhum dos dois", informou a assessoria de imprensa
da PF.
Destaque
internacional
As mortes
do croata e do sueco repercutiram na imprensa internacional. Pelo menos cinco
sites da Croácia, além do Fox News Latino, deram destaque aos assassinatos.
G1 RN