Antes
de Guillermo Ochoa pisar no gramado para enfrentar o Brasil, nem o mais
otimista dos mexicanos apostaria que o goleiro cabeludo seria o melhor
jogador da partida. Durante o último ano, defendendo o Ajaccio, ele
sofreu 71 gols em 38 partidas pelo Campeonato Francês e fechou a
temporada como o goleiro mais vazado da competição. Seu time amargou a
lanterna, com apenas quatro vitórias e 23 derrotas. Com o fim de seu
contrato, no início deste mês, Ochoa ficou desempregado. Ontem, contra
todos os prognósticos, fez o que chamou de “melhor partida da carreira”.
—
Foi inesquecível, a melhor partida da minha vida Ainda mais numa Copa
do Mundo, contra o anfitrião. Foi inesquecível. Mas nada está definido
ainda. Vamos seguir trabalhando — afirmou o goleiro, após sair
ovacionado pela torcida.
Antes de a delegação do México viajar
para o Brasil, o titular da posição era Jesús Corona, que havia
defendido a seleção na maioria dos amistosos antes da Copa. Somente na
antevéspera da estreia do México na Copa, contra Camarões, no último dia
13, o técnico Miguel Herrera se decidiu pelo goleiro.
Com
o atuação contra o Brasil, aumentam as chances de Ochoa realizar seu
maior sonho: jogar a Liga dos Campeões por um clube europeu de
expressão. Se, antes da Copa, havia rumores de que o Milan estava
interessado em sua contratação, agora devem surgir novas propostas.
—
Não me atrapalha jogar a Copa desempregado. Deixo isso na mão dos meus
empresários. Fico concentrado no Mundial. Estou tranquilo porque sei que
existem opções — afirmou Ochoa.
As defesas salvadoras de ontem
também devem apagar seu recente retrospecto ruim com a camisa do México.
Titular na Copa de 2006, o goleiro quase colocou fim em sua história na
seleção em agosto de 2013. Por não ter certeza de que seria titular,
pediu para ser dispensado de dois jogos pelas eliminatórias da Copa. Em
outubro, foi preciso que o então técnico Miguel Vucevitch pedisse
pessoalmente para que o goleiro retornasse.
Técnico diz que Ochoa é titular por ser tranquilo
A
dois dias do início da Copa, o mexicano Miguel Herrera ainda não tinha
decidido em quem confiar para ser o titular do gol. Ochoa tinha acabado
de passar pela pior temporada da carreira e o até então titular Corona
não chegou a convencê-lo nos últimos amistosos antes da competição. O
treinador, então, decidiu usar, como critério, uma característica comum à
maioria dos grandes goleiros: a tranquilidade.
— Escolhi o Ochoa
porque ele estava mais tranquilo antes da Copa. Agora, não tenho em
mente mudar. Ele estava acima dos outros, por isso decidimos que ele
seria o goleiro a começar a Copa e acho que acertamos. Acho que ele
apresentou a resposta que esperávamos — afirmou o técnico após o jogo.
Miguel
Herrera mostrou-se satisfeito com o ponto conquistado no empate sem
gols, mas acredita que a sua equipe poderia até ter saído vitoriosa,
diante das circunstâncias do jogo. O treinador elogiou a torcida
mexicana — que cantou alto e, por vezes, calou os brasileiros no estádio
— e chegou a dizer que, no grupo, só o Brasil pode superar o México:
—
A verdade é que enfrentamos os favoritos e em sua casa. Mas nossa gente
também sorriu. Obviamente que os jogadores escutaram o “sí, se puede”.
Foi muito bonito o que aconteceu. Somamos ponto e estamos brigando com
Brasil no grupo. Vamos esperar o resultado do jogo entre Camarões e
Croácia.
Antes da
Copa, alguns jornais mexicanos fizeram pesquisas com seus leitores
sobre qual goleiro merecia ser o titular da seleção. Em algumas delas,
cerca de 80% das pessoas preferiam que Corona fosse o dono da meta. Após
a partida, o zagueiro Andrés Guardado lembrou que Ochoa teve que
superar as críticas para defender o posto de titular.
— Uma
excelente partida, ele merece. Ele havia sido criticado no México e está
demostrando por que está aqui. Nós estamos muito orgulhosos pelo
desempenho da equipe — disse Guardado.
Após a partida, Ochoa
chegou a ser comparado a um dos melhores goleiros da história das Copas,
o inglês Gordon Banks, pela imprensa mexicana. Banks fez uma das
defesas mais famosas de todos os tempos contra o mesmo Brasil, na Copa
do Mundo de 1970, em cabeçada de Pelé. A comparação se refere à defesa
que Ochoa fez aos 25 minutos do primeiro tempo, quando Neymar cabeceou
no cantinho, e o goleiro teve que se esticar todo para evitar o gol.
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