segunda-feira, 30 de junho de 2014

Jogador de Gana detona hotel que a seleção se hospedou na Via Costeira

Os últimos momentos da seleção de Gana na Copa do Mundo foram recheados de polêmicas. Três dias após ser eliminada com uma derrota para Portugual, Kevin Prince Boateng, um dos principais jogadores do país, decidiu abrir o jogo e falar abertamente sobre todos os problemas envolvendo a equipe no Mundial.
Antes da partida decisiva, Gana ameaçou até não entrar em campo. Os jogadores da equipe chegaram a não treinar e uma quantia monetária teve que ser enviada às pressas para os atletas na noite anterior. No dia do jogo, uma discussão nos bastidores afastou Muntari e o própio Boateng, duas das maiores estrelas da equipe.
Em entrevista ao site alemão Sport Bild, o jogador do Schalke se mostrou muito decepcionado com tudo que aconteceu e afirmou que a seleção viveu um pesadelo desde o primeiro dia de preparação para a Copa. Para ele, tudo foi feito de forma amadora pela confederação nacional.
As críticas começaram no voo de Miami, onde faziam a preparação, para o Brasil, que durou cerca de 12 horas. “Nós fomos de classe econômica, as pernas doíam. Para um cidadão comum pode parecer normal, mas para um atleta de competição é uma desgraça. Ao mesmo tempo, nosso presidente, sua esposa e seus dois filhos foram de classe executiva”, cutucou Boateng, que ainda relatou que perderam suas malas e ficou dias sem suas chuteiras e equipamentos pessoais.
O meio-campo também fez duras reclamações sobre o primeiro hotel onde ficaram hospedados, antes da partida contra os Estados Unidos. “Dormimos em um hotel de despejo. Os quartos estavam úmidos. Tive que trocar de quarto, pois parecia uma piscina, de tanta água que pingava do teto”.
Sobre a premiação que deveria ter sido paga antes do início do Mundial, Boateng contou que isso foi o menor dos problemas. “O problema não foi esse. Foi tudo um desastre puro, desde as condições de treino até os hotéis”.
O jogador continuou o desabafo e aproveitou a entrevista para bater de frente com a confederação do país. “A associação recebe muito dinheiro dos patrocinadores da Fifa para hotéis, voos, preparação… Só quero saber para onde está indo todo esse dinheiro”.
Boateng ainda comentou a situação dentro de campo, o porquê de ser reserva na Copa e seu relacionamento com o técnico James Appiah. “Nunca tive problema com ele, sempre falava que eu seria protagonista e que tinha confiança absoluta em meu futebol”. Mas quando perguntado se o treinador era bom, ele disse que não e se mostrou surpreso por não ser titular. “Eu aceito e respeito todas as decisões tomadas por Appiah, mas estou surpreso. Ainda em Milão, ele me visitou, implorou para eu voltar a jogar por Gana. Então eu aceito, volto e, de repente, não jogo”, afirmou ele, que só foi titular em um jogo da seleção.
Em 2011, o meia-atacante, ainda no Milan, decidiu se aposentar da seleção de Gana. Em carta enviada à associação de futebol do país africano, afirmava que o desgaste físico era o principal motivo para sua tomada de decisão.
Sobre o afastamento dele e de Muntari para a partida decisiva contra Portugal, Boateng revelou que teve um desentendimento normal com o técnico, mas negou ter ofendido Appiah, como foi acusado, e disse que isso ocorreu quatro dias antes do confronto. Segundo ele, todos do elenco estavam insatisfeitos e deixou no ar que foi censurado por homens do alto escalão de Gana: “as pessoas mentem e só fazem promessas vazias. Quatro dias após a confusão, e um dia depois da reunião da delegação, encontrei um pedaço de papel embaixo da minha porta. Eu estava suspenso, o presidente virou a mesa”, desabafou.
Boateng não confirma se continuará jogando pela seleção. “Eles me chutaram para fora. Eu amo o país e as pessoas, mas, dadas as circunstâncias, é difícil para qualquer atleta continuar jogando”, finalizou, dizendo que só tomará alguma decisão quando retornar ao Schalke, em meados de julho.
BLOG DO BG

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