Em uma semana completa da Copa do Mundo em Natal, pelo menos nove pessoas já foram detidas por venda ilegal de ingressos para os jogos. A apreensão mais grave aconteceu ontem (19) à noite, durante o jogo entre Japão e Grécia. Um turista grego foi preso portando cerca de 200 ingressos para partidas em Natal e Fortaleza. Entretanto, a apreensão é apenas uma ponta do comércio paralelo de ingressos, que se desenrola em pontos de tráfego de turistas. Cambistas cobram até R$ 1 mil pelo ingresso para última partida na capital, Itália e Uruguai, na próxima terça-feira (24).
O grego Constantinus Mamiras estava vendendo em nome de uma agência de viagens, o que se configurou como contravenção penal, segundo a Lei Geral da Copa. Segundo o delegado de plantão da Delegacia Móvel do Arena das Dunas, Cláudio Henrique, o estrangeiro informou que recebeu os ingressos da Fifa ainda no seu país de origem, mas devido à recessão, encontrou dificuldades para revendê-los, e por isso os trouxe para Natal - o que foi negado pela agência Match, revendedora oficial da federação de futebol.
"Como ele estava representando uma empresa e a Lei Geral proíbe a venda por empresas não credenciadas, foi configurada a contravenção", informou o delegado. Foi realizado um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) e Mamiras se comprometeu a comparecer na manhã de hoje no juizado especial, para julgamento. Além do turista grego, dois alemães também foram detidos por tentar vender ingressos acima do preço. Eles foram encaminhados para a 5ª Delegacia de Polícia, em Candelária, e os ingressos encaminhados para a Polícia Federal, que analisaria se eram verdadeiros.
Outros seis casos devem ser analisados hoje, no fórum, todos relacionados à venda ilegal de ingressos por estrangeiros. De acordo com a Lei Geral da Copa, só se configura como contravenção a venda dos ingressos acima do preço original - no caso dos tickets da Fifa, o máximo cobrado é R$250. Dois americanos, um mexicano e um brasileiro foram presos durante a primeira partida, entre México e Camarões, e mais dois americanos na última segunda, durante o jogo entre Gana e Estados Unidos. Todos foram encaminhados para os respectivos consulados.
Durante o jogo de ontem, a reportagem flagrou o comércio ilegal de ingressos. A venda acontece de forma rápida: só é possível perceber a partir dos pequenos grupos que se formam em volta de uma só pessoa, próximo à postes e lugares mais escondidos. Para identificar um possível comprador ou vendedor é simples: basta levantar as mãos e sinalizar quantos ingressos você está procurando.
Em alguns pontos era clara a presença dos cambistas: próximo à entrada da Arena das Dunas pela avenida Salgado Filho. A reportagem chegou a ser ameaçada por tentar tirar fotos do comércio ilegal.
Apesar de ser uma partida com baixa expectativa de público, a quantidade de pessoas que voltou para casa sem ingressos - uma vez que nem os cambistas davam conta da demanda - era grande. Turistas e natalenses se propunham a pagar R$200, R$300 e até R$700 por um lugar na Arena das Dunas.
"A gente corre um risco, mas queríamos ver o jogo", admitiu o torcedor Pachelli (ele não quis informar o nome completo). Ele comprou quatro ingressos, cada um a R$ 350.
Ontem foi o segundo jogo consecutivo ao qual o francês Fred Cucuphat compareceu sem portar ingresso. Ele tentava comprar três tickets para a família de última hora, e tentava encontrar o mais barato possível. "Teve gente que me ofereceu ingresso por até R$700, mas eu sei que tem gente vendendo por R$150 ou R$200. É o máximo que eu dou", afirmou. A filha, Lauriane Cucuphat, que viera da França, estava desolada por causa da falta de ingressos.
TRIBUNA DO NORTE
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