Pouco avessa a entrevistas, Dilma Rousseff escolheu o Palácio da Alvorada como cenário para uma conversa com o apresentador Jô Soares, exibida na madrugada deste sábado (13). Em pouco mais de uma hora, a presidente falou sobre promessas de campanha, crise econômica, pré-sal e até sobre as críticas que recebe com frequência tanto da população como da base aliada.
Já no primeiro bloco, depois de relembrar algumas experiências durante o regime militar, Dilma foi indagada sobre o atual momento econômico do Brasil e a volta da inflação. De acordo com ela, “[o País] tem uma estrutura forte, mas enfrenta dificuldades momentâneas”. Afirmou que nos últimos sete anos de crise mundial, a União bancou o orçamento, promoveu financiamentos com juros baixos e garantiu as políticas sociais. No entanto, a seca em áreas do sudeste forçou o esgotamento e ao aumento dos preços com da tarifa de energia e alimentos. Outro fator, segundo a presidente, responsável pelo momento econômico está ligado à correção internacional do dólar, que entre outras coisas, dificulta quem quer viajar para o exterior.
Liberdade de expressão e críticas
Ainda na primeira parte do programa, Dilma falou sobre a democracia no Brasil. “Eu sempre defenderei o direito de liberdade de quem quer que seja. Não podemos achar estranhas as manifestações”, afirmou. Questionada sobre a fama de ‘pavio curto’, foi direta: “eu não posso ser uma presidente mole”.
Em relação às críticas que recebe da população e imprensa, Dilma revela que algumas vezes fica, pois “ninguém é de ferro”. Mas que não leva para o lado pessoal e faz parte da atividade pública que exerce.
Ajuste fiscal e investimentos
Sobre a disparada da inflação, Dilma garantiu que quanto mais rápido forem feitos os ajustes fiscais, mais fácil será a retomada à estabilidade econômica. “Vamos ter que fazer um imenso esforço. Fazer o possível e impossível para ter uma inflação estável, dentro da meta. E isso precisa de um tempo”, explicou. Apesar das medidas de austeridade, ela garantiu que os beneficiários do programa Minha Casa Minha Vida não serão prejudicados, pois as taxas são fixas. Ainda segundo a presidente, em agosto o governo vai lançar mais três milhões de moradias para famílias, principalmente, com renda abaixo de R$ 1.500,00.
Em relação à saúde pública, Dilma citou a ampliação do programa Mais Médicos, bastante criticado em 2013, quando foi lançado. A presidente adiantou que a próxima etapa é o investimento no atendimento básico e no investimento de três áreas de especialização: ortopedia e traumatologia, cardiologia e oftalmologia. “Tivemos muita reação contra. Mas hoje temos médico em toda a Amazônia, nas regiões periféricas das cidades e interior”, aponta.
Pátria educadora
O corte de 20% do Ministério da Educação em 2015 também foi tema da entrevista. Apesar do orçamento mais apertado e a redução de vagas em programas como o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), Dilma garante que até o fim do ano serão criadas mais um milhão de vagas em universidades públicas e particulares. Para ela a meta de Pátria Educadora, lançada no discurso de posse em janeiro, está diretamente ligada também à oferta da educação técnica. “Um país sem ensino técnico profissionalizante não consegue avançar. Criamos oito milhões de vagas com ajuda do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego)”, contesta. De acordo com a presidente, o programa também é responsável por aumentar o número de microempresas de mulheres e família. Por último, Dilma retomou a promessa de construção de seis mil novas creches. “As creches ajudam as mães, e mais ainda as crianças. O ensino infantil ataca a da desigualdade, pois auxilia o desenvolvimento intelectual, afetivo e emocional de nossos estudantes”, afirma.
Petrobras e reeleição
Embora tenha fugido de comentários sobre os escândalos de corrupção da Petrobras e as investigações da Lava Jato, Dilma garantiu que mudou a diretoria de estatal em 2012 por uma questão de confiança. “Não eram pessoas da minha confiança. Depois de algum tempo, mudei a diretoria toda”, disse e completou “A companhia não pode ser confundida com x ou z empregados que cometeram irregularidades”. O tema petróleo ganhou mais espaço quando a presidente garantiu que a Petrobras já deu início à exploração do pré-sal e, atualmente, é capaz de produzir oito mil barris por dia. “A Petrobras será a empresa mais lucrativa nesta área e está no caminho certo”, diz.
O comportamento do governo e a aposta em pautas mais impopulares diante não possibilidade de uma nova reeleição também foram levantadas. Para Dilma, “daqui pra frente cada vez mais vamos fazendo as coisas que são aquelas que nós consideramos fundamentais, que a população quer. Aprendi muito com a experiência”, revelou. “Tenho muito orgulho em ter aprovado a lei dos portos, o marco civil da internet e outras questões”, confessa.
A primeira mulher presidente
A última parte da entrevista foi reservada ao papel que terá na história. Indagada por Jô Soares como gostaria de ser lembrada nos livros de História, disse: “Eu quero ser conhecida como uma pessoa que não abandonou o interesse do seu povo e a soberania do país”. Para Dilma, “somos mais crítico conosco que nós merecemos. Nós precisamos da esperança e da confiança”, pondera.
ÚLTIMO SEGUNDO
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