terça-feira, 18 de agosto de 2015

Calor põe em risco confrontos das 11h no Brasileirão após jogadores passarem mal


Depois de três jogadores passarem mal na partida entre Flamengo e Palmeiras, no último domingo, por causa do calor, os confrontos às 11 horas do Campeonato Brasileiro terão atenção especial dos departamentos médicos dos clubes da Série A. As partidas matutinas têm sido sucesso de público, mas, em contrapartida, vêm afetando o rendimento dos atletas por causa das altas temperaturas.

No domingo, por exemplo, estava 30ºC em São Paulo na hora do jogo no Allianz Parque. O lateral Lucas, do Palmeiras, começou a sentir tontura e teve de ser substituído no intervalo. Já o atacante Dudu chegou a vomitar em campo. Do lado do Flamengo, Everton sentiu enjoo e precisou ser medicado.

“É algo que as autoridades do futebol precisam consultar os jogadores. Não questiono horário, mas a temperatura no gramado. As pessoas precisam ter mais responsabilidade em marcar jogos com temperaturas tão altas”, reclamou Lucas.

Depois dos episódios de domingo, a diretoria do Palmeiras estuda pedir à CBF para não jogar mais no final da manhã. No total, o clube já fez cinco partidas na temporada às 11 horas, dois no Campeonato Paulista e três no Brasileirão – é o time que mais atuou neste horário.

O médico do Flamengo, José Luiz Runco, que fez no domingo a sua despedida do clube após 34 anos, diz que jogar neste horário não é bom para a saúde dos atletas. “É um horário que pode agradar ao público, ser bom para o business, mas precisa ser revisto. Para os atletas é muito complicado, ruim.”

A CBF já agendou jogos às 11 horas de domingo até a 25.ª rodada, quando o Corinthians, vai estrear no novo horário. O Líder do campeonato é o único clube que ainda não jogou de manhã.

A intenção da CBF era diminuir a quantidade de jogos no horário nas últimas rodadas do campeonato devido à proximidade da chegada do verão. Depois da reclamação dos clubes é possível que a medida seja antecipada.

O Sport, único representante do Nordeste na Série A, ainda não teve nenhum jogo como mandante às 11 horas. Por causa do forte calor no Recife, a equipe não deverá ter partidas agendadas neste horário na capital pernambucana até o fim do campeonato.

O Grêmio foi o primeiro clube a pedir mudança de horário. A equipe gaúcha deveria receber o Joinville em Porto Alegre às 11 horas no último domingo, mas solicitou a mudança para 18h30. No próximo domingo, no entanto, a equipe vai enfrentar a Ponte Preta no Moisés Lucarelli, às 11h. A previsão indica que estará 30ºC no horário do jogo.

“A temperatura muito elevada altera o metabolismo do atleta e pode provocar danos à saúde como alteração da pressão arterial e da frequência cardíaca, e até desmaio. Os árbitros têm de ter a sensibilidade de parar o jogo para os atletas poderem se hidratar”, diz o médico do Grêmio, Márcio Dornelles.

O médico do São Paulo, José Sanchez, revela que os profissionais dos quatro clubes de São Paulo estão trocando informações para facilitar a adaptação dos atletas. “O ideal é que os jogos não fossem realizados nesse horário. Muda muito a rotina dos atletas. Sempre será uma exceção à regra”, diz o médico.

Para os jogos às 11h, os jogadores do Palmeiras costumam comer macarrão, batata doce e a tapioca no café da manhã. “Os atletas devem fazer uma refeição reforçado em carboidratos, que fornecem energia para manter a glicemia durante o jogo. O cardápio não pode ter muita gordura e fibra, que deixam a digestão mais lenta”, conta a nutricionista Alessandra Favano.

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