quarta-feira, 20 de agosto de 2014

‘O rebu’ deixa de lado o principal e se perde em pequenas tramas

Tony Ramos e José de Abreu em cena de O rebu (Foto: Reprodução)
Quando estreou, “O rebu” era a promessa de um thriller capaz de manter acordado aquele público que desliga a TV religiosamente às 23h. Agora, passado um mês e já na reta final (a novela termina em 12 de setembro), isso não vem acontecendo. Embora bonita e agradável, a produção está longe de empolgar e eletrizar. O que houve?
Entre suas virtudes, para ser justa, é preciso começar citando a direção de José Luiz Villamarim. Ele soube escalar os talentos. Mas, além disso, se mostrou capaz de extrair de todos o seu melhor. Não há, entre as atuações, um tropeço sequer. Essa igualdade de condições entre atores que não possuem os mesmos recursos, até porque isso seria impossível, aponta para a boa mão de quem os conduz. A câmera de Walter Carvalho funcionando como um conviva da festa é outra contribuição. Cenografia, produção de arte e figurinos se aliam a tudo isso para a fundação de uma atmosfera, de uma identidade, de algo que o público reconhece e associa à primeira vista com a novela.
Porém, temos a impressão de que a história (George Moura e Sergio Goldenberg) não avança. Os autores escolheram um caminho em zigue-zague. Cada capítulo envereda por diferentes estradas vicinais que refazem os passos dos personagens. Com isso, a espinha dorsal, o crime, acabou virando um pálido pano de fundo. E, em primeiro plano, vemos os pequenos acontecimentos. No lugar do suspense, paira apenas uma dúvida (quem matou?) esvaziada por inúmeras tramas paralelas. Em outras palavras: as distrações prevalecem em detrimento do enredo central. Parece um romance cheio de notas de rodapé.
O capítulo de segunda-feira é um bom exemplo de tudo isso. Vimos Vic (Vera Holtz) sendo inquirida, sem sucesso, pelo delegado Nuno (Marcos Palmeira). Seguiu-se a lenga-lenga do dossiê, com uma cena de Braga (Tony Ramos) irritado com seu sumiço. Ângela (Patricia Pillar) mandou esvaziar a piscina, o que levou a investigadora Rosa (Dira Paes) a desconfiar de algo. Camila (Maria Flor) voltou a tentar fazer Oswaldo (Júlio Andrade) se lembrar do que houve na noite do crime. Todos os atores brilharam, mas em cenas que pareceram pouco importantes para o painel maior.
“O rebu” anda diluído em eventos rotineiros. Ainda faltam algumas semanas para o fim da novela. Quem sabe até lá a festa anima.
PATRÍCIA KOGUT

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