quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Paulo Betti, apenas pare com isso

Escrever sobre TV não é apenas assistir, mas também prestar atenção sobre o que se comenta por aí. E ocorre que um dos comentários mais frequentes no momento dão conta da interpretação de Paulo Betti e o seu jornalista-blogueiro-maledicente Téo Pereira. Então fui lá no horário das 21h conferir o desempenho do ator, um veterano escolado na TV, cinema e teatro. E só posso dizer uma coisa: por favor, Paulo Betti, não faça isso com a sua carreira.
Vamos aos fatos: o problema de Betti é o personagem homossexual? De forma alguma. Vilões e heróis gays pululam em novelas e já não escandalizam mais ninguém. Mateus Solano, por exemplo, se tornou uma celebridade com seu Félix, "a bicha má". Na própria novela em que Betti participa, "Império", há um espectro de tipos que vai do enrustidão Cláudio Bolgari (José Mayer) à drag Xana Summer (Ailton Graça), passando pelo bofinho" Leonardo (Klebber Toledo). Nos três casos as interpretações não parecem destoar da exigência dos personagens imaginados por Aguinaldo Silva.
O problema, então, seria o fato de Téo ser extremamente afetado? Nada a ver. Cinema e TV estão cheios de tipos assim interpretados de forma magistral. Philip Seymour Hoffman fez um impecável Truman Capote - jornalista famoso pelo brilhantismo e afetação - no filme "Capote". E sua interpretação quase foi ofuscada por Toby Jones, que em "Confidencial" fez o mesmíssimo personagem, na mesmíssima situação e com um tom de afetação a mais. Não esqueçamos também do Albin de Michel Serrault em "A Gaiola das Loucas". Um papel que, 18 anos depois, Nathan Lane reinterpretaria de forma genial (com o nome de Albert) na versão americana.
Então qual é o problema, afinal? O problema é que Betti parece um machão contando uma "piada de bichinha" para os amigos. A voz uma oitava acima, a afetação que mais parece constipação. Fica a impressão que ele não se sente à vontade no papel. Em mais de uma entrevista o ator explicou que seu personagem era "um gay muito estereotipado, cheio de trejeitos" e chegou a prever que sofreria rejeição por causa do excesso de maneirismos.
É bom que fique bem claro que esse não é o X da questão. Daqui a pouco aparecerá gente dizendo que a novela tem excesso de gays, como se existisse cotas para minorias. Bom, se a gente levar em conta o ínfimo número de negros nas novelas, pode ser que haja mesmo.
O fato é que Betti não está convencendo. E longe de mim - ou de qualquer um que tenha criticado sua interpretação - dizer a ele o que é atuar bem. Betti fez Molière, fez Nelson Rodrigues, é ator de mão cheia. Só que o Téo não está lhe descendo redondo.
YAHOO

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