quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Polícia Civil identifica quatro traficantes que torturaram jovem de 18 anos em Rocha Miranda



A Polícia Civil informou, nesta terça-feira, que identificou quatro traficantes que torturaram Rayssa Christine Machado de Carvalho Sarpi, de 18 anos, na madrugada do último dia 20. O crime, que foi filmado pelos autores e exibido em redes sociais, ocorreu na favela Faz Quem Quer, em Rocha Miranda, uma comunidade que não tem Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). A jovem morreu sexta-feira no Hospital estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, que havia lhe dado alta uma semana antes e, por isso, também é alvo de uma investigação, por suposta negligência no atendimento.


QUEIXA CONTRA EX-NAMORADO
Seis meses antes de ser torturada, Rayssa fez um registro policial contra um ex-namorado. Ela procurou a 29ª DP (Madureira) no dia 31 de março deste ano e relatou ter sido ameaçada pelo rapaz, que já respondeu a um inquérito por receptação. Ele foi flagrado dirigindo um carro roubado.
De acordo com a polícia, não há registros de envolvimento do ex-namorado de Rayssa com o tráfico de drogas na região. A queixa de ameaça foi arquivada, mas o rapaz será convocado para prestar depoimento. A apuração do caso está a cargo do delegado Marcus Antônio Neves, titular da 40ª DP (Honório Gurgel). Ele investiga a possibilidade de Rayssa ter sido torturada devido a um envolvimento amoroso com um PM, que faria parte de uma milícia do Morro do Fubá. A jovem também frequentava bailes funk nessa comunidade.
— A primeira etapa da investigação foi concluída com a identificação de quatro traficantes da favela Faz Quem Quer que participaram da tortura e filmaram cada agressão. Agora, vamos apurar o que realmente motivou o crime — disse o delegado.
O titular da 40ª DP acredita que a Justiça expedirá mandados de prisão contra os bandidos esta semana. Segundo ele, o grupo deverá responder a inquéritos pelos crimes de tortura seguida de morte e associação para o tráfico. Se forem condenados, os acusados poderão receber penas de até 16 anos de prisão.

SOCORRIDA POR UM TIO
Muito ferida, Rayssa foi encontrada por um tio às 8h do dia 20 na Rua Paula Viana, um dos acessos à Faz Quem Quer. Na noite anterior, uma sexta-feira, ela havia saído da casa onde morava com a mãe e o padrasto para se divertir com amigos em um baile funk na favela.
— Achei Rayssa com os olhos inchados, cheia de hematomas na cabeça e no corpo. Ela estava desnorteada. Chegaram a cortar o couro cabeludo dela para escrever a sigla de uma facção criminosa — contou o tio, emocionado.
Com a ajuda de bombeiros, ele levou Rayssa ao Hospital Carlos Chagas, onde a jovem foi submetida a uma tomografia e radiografias. Os exames não teriam revelado derrames ou fraturas, e ela foi liberada após receber suturas e curativos.
Na noite da última sexta-feira, seis dias após ser torturada, Rayssa voltou ao hospital e morreu enquanto recebia os primeiros socorros, depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória. O enterro da jovem aconteceu na tarde de domingo no Cemitério do Caju, após o corpo ter sido examinado no Instituto Médico-Legal (IML).
— Aguardo o resultado do laudo do IML para saber a causa da morte de Rayssa — disse o delegado Marcus Antônio Neves, acrescentando que a perícia é fundamental para saber se houve falha no primeiro atendimento prestado no Hospital Carlos Chagas.

oglobo


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog

Postagens populares