Depois que o governo aprovou um reajuste de até 29% nas
tarifas este ano, a conta de luz dos consumidores deve ficar ainda mais
salgada em 2015. Segundo cálculos da consultoria Safira Energia, o
aumento médio será de 18,7% no próximo ano. Boa parte desse reajuste é
resultado do socorro ao setor elétrico, que já soma R$ 24,2 bilhões este
ano. E, mesmo assim, alguns especialistas avaliam que o montante não
será suficiente para sanar os problemas por que passa o setor, com um
cenário de chuvas escassas e uso intenso de usinas térmicas, uma energia
suja e cara. Ou seja, na prática, o peso da conta para o consumidor
pode se tornar ainda maior.
Dos R$ 24,2 bilhões de
socorro, entram no cálculo da Safira o aporte do Tesouro Nacional de R$ 9
bilhões previsto no Orçamento deste ano — que será custeado via Conta
de Desenvolvimento Energético (CDE), com impacto de 4,6% na conta de luz
este ano — e o empréstimo de R$ 11,2 bilhões ao setor via Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Um novo aporte, de R$ 4
bilhões, anunciado em março deste ano, não foi considerado porque ainda
não está claro como será custeado.
Relatório vê reservatório abaixo de 2001
A
consultoria considerou em seus cálculos um percentual de 7,5% em média
este ano de reajuste de tarifa das distribuidoras. Além disso, a
estimativa leva em conta o custo do despacho das térmicas este ano, que,
por decisão do governo, só afetará a conta de luz a partir de 2015.
O
impacto da energia térmica é da ordem de R$ 9,6 bilhões, mas o valor
deve ser diluído entre 2015 e 2018. Da mesma forma, o ressarcimento do
empréstimo tomado via CCEE, de R$ 11,2 bilhões, só deve ocorrer entre
2015 e 2016.
De acordo com os cálculos da Safira, o
reajuste de 18,7% deve se repetir em 2016, caindo para 14,1% em 2017 e
mais 14,1% em 2018.
— O problema do setor elétrico
começou quando distribuidoras de energia ficaram subcontratadas porque
algumas geradoras, entre elas térmicas do grupo Bertin, não conseguiram
entregar a energia vendida nos leilões. As distribuidoras, então,
tiveram que comprar energia no mercado de curto prazo, em que o preço
estava muito elevado. A situação se agravou com o nível baixo dos
reservatórios — diz Fábio Luiz Cuberos, gerente de Regulação da Safira.
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