quinta-feira, 3 de abril de 2014

Troca de técnico piora clima no Flu e põe em risco parceria de 15 anos

  O presidente do Fluminense Peter Siemsen (esq.) e o mandatário da Unimed Rio, Celso Barros

A demissão do técnico Renato Gaúcho e a posterior contratação de Cristóvão Borges no Fluminense, na última quarta, pioraram ainda mais a relação já desgastada da diretoria tricolor com a parceira e patrocinadora Unimed Rio. O mandatário da empresa de saúde diz se sentir cansado dos atritos com o clube e já até mesmo põe em dúvida o prosseguimento da parceria após 15 anos.
A relação entre Fluminense e Unimed é conturbada desde julho do ano passado, quando divergiram sobre a demissão de Abel Braga e a escolha de Vanderlei Luxemburgo como substituto. O nome de Luxa foi definido pelo presidente da patrocinadora, Celso Barros, que forçou sua contratação mesmo a contragosto do mandatário do Tricolor, Peter Siemsen.
Pressionado pelo grupo político que o reelegeu em outubro do ano passado, Peter tentou se mostrar sob controle da disputa com a patrocinadora em coletiva de imprensa na manhã de quarta-feira, poucas horas após o anúncio da demissão de Renato Gaúcho. O presidente tricolor fez questão de ressaltar a soberania no comando do clube, muitas vezes contestada em disputas como esta.
"Quem toma decisão no clube sou eu, sem dúvida. O projeto é decidido em conjunto, às vezes um é voto vencido, às vezesm é outro. Essa parceria teve momentos difíceis, mas temos que usar esse parâmetro como aprendizado para que possamos caminhar e avançar", disse Peter Siemsen.
O clima hoje, portanto, é ainda pior que em casos anteriores, como na descoberta da relação contratual entre Unimed e o então vice-presidente Sandro Lima, assim como na polêmica contratação de Renato Gaúcho, no fim do ano passado. Tudo porque, desta vez, Peter ignorou abertamente a opinião de Celso Barros para tomar sua decisão.
Apesar da disputa nos bastidores, o presidente Peter Siemsen fez questão de amenizar o atrito em público. Curiosamente, no entanto, o mandatário evitou falar no nome de Celso Barros na última quarta.
"Divergir é natural. O importante é conversar. Isso ficou para trás. Convivemos com isso. Entendemos que era hora de mudança. Não há nada contra o patrocinador, pelo contrário. Esperamos que a parceria ainda siga por muito tempo", disse o presidente tricolor.
Mesmo com a tentativa de Peter de minimizar a divergência, a postura do presidente tricolor não foi bem recebida por Celso Barros. O empresário ficou insatisfeito com a atitude do mandatário, que deu um recado claro de oposição à influência de Celso nos bastidores do Fluminense.
Um dos motivos para a nova piora nas relações entre Fluminense e Unimed foi a declaração de Celso Barros de que não traria mais reforços para o Tricolor neste ano. Sem uma perspectiva de contratações mesmo com a manutenção de Renato Gaúcho, Peter Siemsen decidiu fazer sua vontade e demitir o treinador, além de cutucar indiretamente o gestor da empresa de saúde.
"O patrocinador deixou claro que seria um ano de poucos investimentos, entendemos o recado. Estive com ele [Celso Barros] na última terça. Essa decisão é uma que assumo inteira responsabilidade. O patrocinador tem a opinião dele. Respeito, mas acho que esse era o momento. O Fluminense irá custear o novo treinador [Cristóvão Borges]", disse Peter.
Cabe a Cristóvão Borges mostrar que Peter Siemsen pode levar a melhor na queda de braço com Celso Barros. O treinador será apresentado pelo Fluminense às 14h desta quinta-feira e comanda o primeiro treino pelo Tricolor logo em seguida.

UOL

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