A demissão do técnico Renato Gaúcho e a posterior contratação de
Cristóvão Borges no Fluminense, na última quarta, pioraram ainda mais a
relação já desgastada da diretoria tricolor com a parceira e
patrocinadora Unimed Rio. O mandatário da empresa de saúde diz se sentir
cansado dos atritos com o clube e já até mesmo põe em dúvida o
prosseguimento da parceria após 15 anos.
A relação entre
Fluminense e Unimed é conturbada desde julho do ano passado, quando
divergiram sobre a demissão de Abel Braga e a escolha de Vanderlei
Luxemburgo como substituto. O nome de Luxa foi definido pelo presidente
da patrocinadora, Celso Barros, que forçou sua contratação mesmo a
contragosto do mandatário do Tricolor, Peter Siemsen.
"Quem toma decisão no clube
sou eu, sem dúvida. O projeto é decidido em conjunto, às vezes um é voto
vencido, às vezesm é outro. Essa parceria teve momentos difíceis, mas
temos que usar esse parâmetro como aprendizado para que possamos
caminhar e avançar", disse Peter Siemsen.
O clima hoje,
portanto, é ainda pior que em casos anteriores, como na descoberta da
relação contratual entre Unimed e o então vice-presidente Sandro Lima,
assim como na polêmica contratação de Renato Gaúcho, no fim do ano
passado. Tudo porque, desta vez, Peter ignorou abertamente a opinião de
Celso Barros para tomar sua decisão.
Apesar da disputa nos
bastidores, o presidente Peter Siemsen fez questão de amenizar o atrito
em público. Curiosamente, no entanto, o mandatário evitou falar no nome
de Celso Barros na última quarta.
"Divergir é natural. O
importante é conversar. Isso ficou para trás. Convivemos com isso.
Entendemos que era hora de mudança. Não há nada contra o patrocinador,
pelo contrário. Esperamos que a parceria ainda siga por muito tempo",
disse o presidente tricolor.
Mesmo com a tentativa de Peter de
minimizar a divergência, a postura do presidente tricolor não foi bem
recebida por Celso Barros. O empresário ficou insatisfeito com a atitude
do mandatário, que deu um recado claro de oposição à influência de
Celso nos bastidores do Fluminense.
Um dos motivos para a nova
piora nas relações entre Fluminense e Unimed foi a declaração de Celso
Barros de que não traria mais reforços para o Tricolor neste ano. Sem
uma perspectiva de contratações mesmo com a manutenção de Renato Gaúcho,
Peter Siemsen decidiu fazer sua vontade e demitir o treinador, além de
cutucar indiretamente o gestor da empresa de saúde.
"O
patrocinador deixou claro que seria um ano de poucos investimentos,
entendemos o recado. Estive com ele [Celso Barros] na última terça. Essa
decisão é uma que assumo inteira responsabilidade. O patrocinador tem a
opinião dele. Respeito, mas acho que esse era o momento. O Fluminense
irá custear o novo treinador [Cristóvão Borges]", disse Peter.
Cabe a Cristóvão Borges mostrar que Peter Siemsen pode levar a melhor na
queda de braço com Celso Barros. O treinador será apresentado pelo
Fluminense às 14h desta quinta-feira e comanda o primeiro treino pelo
Tricolor logo em seguida.
UOL