O mês de maio se aproxima do fim e com ele vai embora as esperanças do
sertanejo potiguar. O inverno deste ano no semiárido nordestino, apesar
de classificado como normal pela meteorologia, não foi capaz de encher
os reservatórios d’água no interior do Rio Grande do Norte a índices
satisfatórios. A chuva mudou a paisagem em alguns municípios, melhorou o
nível de alguns mananciais, mas o cenário ainda preocupa.
Mesmo com as precipitações registradas ao longo dos últimos meses, mais
da metade dos açudes monitorados pela Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (Semarh) está com o nível abaixo dos 20% da capacidade
total. Índice considerado crítico pelos especialistas. Além disso, nove
cidades convivem com colapso no abastecimento e outros 159 municípios
estão em estado de emergência devido à situação climática desfavorável.
O Estado possui ao todo 46 reservatórios monitorados periodicamente pela
Semarh. Os açudes e barragens estão localizado nas bacias dos rios
Apodi/Mossoró, Piranhas/Açu, Ceará-Mirim, Potengi, Trairi e Jacú. De
acordo com levantamento divulgado pela secretaria na última sexta-feira,
dia 16, pelo menos 24 mananciais estavam com a situação volumétrica em
estado crítico, ou seja, com menos de 20% da capacidade total. Os dados
são o extrato de monitoramentos efetuados a partir de abril.
De
acordo com a coordenadora de Gestão de Recursos Hídricos da Semarh,
Joana D’arc Medeiros, o Estado está em alerta. Ela reconhece que as
chuvas ajudaram a recuperar alguns açudes, mas reservatórios importantes
como o Gargalheiras, Itans e o açude de Pau dos Ferros quase não
acumularam água no último quadrimestre. “Houve uma recuperação parcial,
abaixo da nossa expectativa. Sabíamos que os açudes não iriam encher,
mas o prognóstico era mais animador. Infelizmente, mananciais
importantes não receberam volume de água considerável e a situação
continua preocupante”, coloca.
Em Acari, distante 201 quilômetros
de Natal, o açude Gargalheiras – que tem capacidade para armazenar
44.421.480 metros cúbicos de água – está com o volume de 4.351.712
metros cúbicos, o que representa 9,80% de sua capacidade total. Com
vazão de 150 liros por segundo, a estimativa da Semarh é a de que o
açude suporte mais quatro meses de abastecimento para os municípios de
Acari e Currais Novos.
O Açude Itans, localizado em Caicó, a 256
quilômetros da capital, é outro reservatório em situação alarmante.
Dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte
(Emparn) revelam que, entre os dias primeiro de janeiro e 16 de maio
deste ano, choveu 456,6 milímetros no local. Com capacidade para
acumular até 81.750.000 metros cúbicos de água, o açude está com 16,29%
da capacidade, ou seja, 13.320.000 metros cúbicos. Água que, segundo a
Emparn, suporta abastecer as cidades atendidas pelo açude até janeiro do
próximo ano. A vazão de retirada é de 185 litros por segundo.
Já
em Pau dos Ferros, a 400 quilômetros de Natal, o principal açude da
cidade, que leva o mesmo nome do município, está com 11,16% de sua
capacidade total. O reservatório pode receber até 54.846.000 metros
cúbicos de águas, mas, atualmente, reserva apenas 6.120.746 metros
cúbicos. A vazão de retirada é de 45 litros por segundo e, se continuar
com essas configurações, suporta abastecer a cidade até março do próximo
ano.
TRIBUNA DO NORTE
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