terça-feira, 17 de junho de 2014

Briga: Tv Aberta X Tv por Assinatura


Record, SBT e Rede TV! querem cobrar de assinante de TV paga

Silvio Santos em gravação de seu programa; dono do SBT se une a Record e Rede TV! para cobrar TV paga

A TV paga e a TV aberta brasileiras estão prestes a declarar uma guerra inédita. De um lado, Record, SBT e Rede TV! estão se unindo para cobrar das operadoras de TV por assinatura uma taxa de cada assinante delas, o que deve gerar uma receita de R$ 7 milhões para cada uma delas e aumentar o preço das mensalidades ao consumidor.
Do outro lado, as programadoras de TV paga decidiram partir para cima do dinheiro bilionário da TV aberta. Em agosto, pela primeira vez, a feira e congresso da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), o maior evento do setor na América Latina, terá como principal tema a publicidade.
Executivos da Record, SBT e Rede TV! tiveram várias reuniões nos últimos meses para discutir uma estratégia de negociação conjunta com as operadoras de TV paga. Elas estudam duas soluções: 1) contratar uma empresa que as represente comercial e juridicamente perante as operadoras; 2) contratar um executivo e criar uma empresa com partes iguais entre as três.
A Band também foi convidada a participar do "movimento". A Globo ficou de fora porque tem negócios sólidos de TV por assinatura (a maior programadora nacional, a Globosat). Participam das negociações executivos de primeira linha: Amílcare Dallevo (presidente da Rede TV), Marcus Vinicius Vieira (vice-presidente executivo da Record) e José Roberto Maciel (SBT).
As três redes abertas argumentam que a nova lei que rege a TV por assinatura, de 2011, permite que elas cobrem pelo sinal digital, de alta definição (HD). A legislação as obriga a cederem gratuitamente apenas o sinal analógico para o cabo e o DTH (TV paga via satélite).
Os canais abertos, em outras palavras, querem virar canais pagos no ambiente da TV por assinatura, um mercado que já presente em 18,5 milhões de lares brasileiros. Estão de olho nas receitas desse segmento: nas conversas, já se cogitou pedir de empresas como Net, Sky, Claro e Oi algo em torno de R$ 0,70 de casa assinante. Considerando que metade dos assinantes de TV paga já têm sinal HD, isso equivaleria a uma receita de R$ 7 milhões mensais, a mesma que a Band tem alugando 50 minutos diários do horário nobre para a igreja de R.R. Soares. 
Além disso, avaliam as redes que a causa é justa porque, junto com a Globo, as emissoras abertas têm 70% da audiência entre os assinantes de cabo e DTH. 
As operadoras de TV paga, obviamente, rechaçam o movimento das TVs abertas pela cobrança do sinal. Afirmam que o maior prejudicado será o assinante, que terá de pagar mensalidade maior. Dizem que não conseguem absorver os novos custos porque já operam no limite. Alertam que o resultado poderá ser desastroso, com a redução do número de assinantes de TV paga.

TV por assinatura discute como 'comer' publicidade da TV aberta

 
 Daniel Chalfon, presidente do Grupo de Mídia de São Paulo, que participará da feira ABTA 2014

Um dos temas mais delicados da TV paga, a publicidade será o principal assunto da feira e congresso ABTA 2014, o maior evento do setor na América Latina, que acontece de 5 a 7 de agosto, em São Paulo. O objetivo da indústria neste ano será mostrar aos publicitários o tamanho do mercado de TV por assinatura, que já alcança quase 60 milhões de telespectadores no país. 
Para ajudar a organizar os debates deste ano, a ABTA (Associação Brasileira de Televisão Por Assinatura) contratou uma empresa, a Singular, que fez uma pesquisa entre agências de publicidade e anunciantes para detectar quais são os temas que mais interessam no contexto do mercado de TV por assinatura. 
A partir das respostas, a ABTA convidou alguns dos mais representativos publicitários do país para participarem dos painéis temáticos. Estarão na ABTA 2014 profissionais como Daniel Chalfon, presidente do Grupo de Mídia e vice-presidente da agência Loducca, Orlando Lopes, CEO do Ibope Media, e Orlando Marques, presidente da Publicis e da Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade).
Algumas centenas de profissionais do mercado publicitário receberão credenciais gratuitas para participarem da feira de TV por assinatura. As programadoras e operadoras querem mostrar a eles que são uma mídia relevante.
O principal objetivo é tirar uma fatia da TV aberta no bolo publicitário. No ano passado, de acordo com o projeto Inter-Meios, de cada R$ 100 investidos em propaganda no país, R$ 66,54 foram para Globo e companhia. As centenas de canais pagos abocanharam apenas R$ 4,90. Presente em mais de 18,5 milhões de domicílios, a TV por assinatura quer começar a mudar isso.

UOL

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