quarta-feira, 18 de junho de 2014

Contra o estresse, especialista recomenda: mais escada, menos elevador

 O estresse do dia a dia pode causar picos de pressão alta e arritmia cardíaca.

Dor de cabeça ou nas articulações, cansaço, mau-humor, muita fome ou nenhuma e até bruxismo já são associados a ele. Principal queixa da década, o alto nível de estresse passou a ser responsável por quase todos os sintomas de desconforto que chegam aos consultórios médicos. Os especialistas indicam: evitar o estresse deve ser uma escolha diária.
Por ser uma resposta natural do organismo aos estímulos inesperados que recebemos, a experiência de ficar estressado acontece com todos e provoca efeitos de ativação do corpo. A aceleração dos batimentos cardíacos, o aumento da pressão arterial e algumas descargas hormonais são importantes para que se possa tomar decisões em relação ao que desencadeou a reação. Segundo o Dr. Antonio Claudio Nobrega, cardiologista especialista em avaliação do impacto do estresse no sistema cardiovascular, ele não pode ser considerado uma doença.
— Reagir às situações de estresse é como respirar, não temos como julgar se é bom ou ruim. É um mecanismo necessário e natural de se estar vivo. A preocupação em relação a ele é quando as respostas do indivíduo passam a ser exageradas e os efeitos agem no corpo por um período muito longo — alerta o médico, que também é professor titular de Fisiologia da Universidade Federal Fluminense.
O especialista afirma que pessoas muito estressadas não necessariamente apresentam alguma ineficiência do coração ao responder às situações de estresse. Assim como pessoas aparentemente calmas podem ter dificuldades de lidar bem com as circunstâncias estressantes e apresentar problemas cardíacos. O importante nesses casos é ir além da percepção que se tem frente ao estresse e fazer uma avaliação das consequências no coração, principalmente diante de fatores de risco, como histórico de doença cardíaca prévia.

 Gripes frequentes podem ser sinal de estresse crônico.

Procure reconhecer
Os efeitos mais frequentes do estresse crônico podem ser confudidos com sintomas de algumas doenças e são difíceis de definir:
- insônia à noite associada ou não à sonolência durante o dia
- acordar cansado
- ficar gripado ou resfriado com muita frequência
- distúrbios de apetite, comendo demais ou perdendo a fome
- alterações comportamentais como oscilações de humor e libido, irritabilidade e dificuldade de concentração
- dores crônicas no corpo, articulações e cabeça sem motivo aparente
- sentir que está mais cansado ou indisposto do que as pessoas ao redor ou de si mesmo em outra época
A recomendação do Dr. Antonio Cláudio é que, caso o indivíduo perceba que sofre com algumas das situações listadas acima, deve procurar ajuda médica para avaliar não apenas as funções cardíacas, mas outros doenças associadas que podem colaborar para o enfraquecimento do organismo.

 A opção de atividades ao ar livre ajuda no relaxamento, essencial para pessoas estressadas.

Melhora da qualidade de vida
As crises de estresse, quando associadas a doenças, podem ter consequências muito severas, que passam pelo isolamento social e podem chegar ao infarto. Para Nobrega, a medicalização dos efeitos é a última opção e deve ser usada apenas nos casos mais graves. A principal maneira de tratar o estresse é dar atenção aos sinais do corpo e mudar a rotina por uma mais saudável
— O estresse é inevitável, o que se pode fazer é mudar a maneira de lidar com ele. O lazer e o prazer ajudam a dar outro sentido para as atividades e fazem as situações de estresse ganharem outra proporção. Viajar, fazer terapia, ioga, ter mais tempo livre e aproveitar feriados e fins de semana para novos programas são boas opções — recomenda Dr. Antonio Cláudio Nobrega.
Para ele, o principal é identificar a origem do estresse, que muitas vezes pode estar ligada à falta de conversa sobre situações de desconforto ou de ausência de controle do que está acontecendo. Normalmente o trabalho é o principal desencadeador de estresse, podendo ser também uma situação familiar ou afetiva. Nesses casos, a indicação do médico é enriquecer e diversificar as atividades do dia a dia e não descuidar dos relacionamentos com amigos e familiares.
— Fora isso, a atividade física frequente é o principal desencadeador da sensação de bem-estar. Isto não é uma suposição, é um efeito orgânico, hormonal, realmente muda a vida das pessoas. É o remédio que recomendo: mais escada e menos elevador; mais andar a pé e menos carro — finaliza o especialista.

EXTRA GLOBO

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