quinta-feira, 23 de outubro de 2014

'Lepo-Lepo' e 'Show das poderosas' viram paródias em aulas de história

Professor Jeferson Sabran com o violão que o acompanha nas aulas (Foto: Arquivo pessoal)
As aulas de história do Colégio Estadual Maria Helena Davatz, em Londrina, no norte do Paraná, ganharam um ritmo diferente após a chegada do professor Jeferson Sabran ( NA FOTO ACIMA ). Acompanhado de um violão, ele fez paródias de músicas como “Lepo-Lepo”, do Psirico, e “Show das Poderosas”, da Anitta, para falar sobre temas como marxismo e neoliberalismo nas aulas de História do Ensino Médio. Segundo o professor, uma forma de motivar e ajudar os alunos a fixarem os conteúdos aprendidos durante as aulas. “Não é ‘decoreba’, mas uma tentativa de facilitar o aprendizado e também de aproximação com os alunos”, explica.
O professor conta que a ideia surgiu em 2009, quando dava aulas em um colégio particular na cidade de Faxinal, também na região norte do estado. “Um colega que é professor de biologia tinha algumas paródias, e me chamou para cantar e tocar violão em um daqueles plantões pré-vestibular. Eu topei e achei interessante a ideia”, lembra. “Percebi que era uma boa maneira de chamar a atenção dos alunos. E o mais importante é que ajuda o aprendizado”, opina.
Depois, o professor resolveu implantar o método em suas aulas, usando duas paródias encontradas na internet. “Eu vi dois vídeos do professor Dodô, um sobre Revolução Francesa, parodiando a música 'De Repente Califórnia', do Lulu Santos, e outra da Primeira Guerra Mundial, da 'Eu Nasci há 10 mil anos atrás', do Raul Seixas”, diz Sabran.
A partir disso, o professor de história resolveu criar suas próprias paródias. O que não foi difícil para quem é vocalista e baixista de uma banda de rock, a Medula Óssea. “A primeira foi ‘Pra Não dizer que não falei da Grécia’, baseada na música do Geraldo Vandré. Depois, parodiei ‘La Bamba’, do Richie Valens, em ‘Para estudar a Grécia’”, conta.
Outra música feita pelo professor é o “Rock das Alemanhas”, paródia de “Rock das Aranhas”, de Raul Seixas. “Eu fiz um mestrado na Universidade Estadual de Londrina (UEL) com pesquisas sobre a música do Raul Seixas. Um dia, estava escrevendo o texto da especialização e pensando na minha aula para um ‘corujão’ de pré-vestibular em 2009. Aí o ‘duas aranha’ da música ‘Rock das Aranhas’, me soou ‘duas Alemanha’. Então, fiz a letra”, lembra.
Com Sabran, a música “Lepo-Lepo”, música mais tocada no carnaval de 2014, virou “Manifesto Comunista”, para falar sobre o sociológio alemão Karl Marx. “Precisava de algo para as aulas que explicava os movimentos políticos do século XIX. Foi então que vi uma entrevista do Psirico dizendo que a música era um grito contra o capitalismo do funk ostentação. Era o que precisava para montar a paródia”, conta o professor.
No vídeo, ele começa dizendo que o “Manifesto Comunista foi hit do verão de uma dupla de 1848, dupla [Friedrich] Engels e [Karl] Marx”. Na letra, o início fala que “Já não sei o que fazer, sou revolucionário, só vejo reacionário”, e no refrão o professor diz “proletariados fiquem espertos com essa minha proposta de ler Marx, Marx, o Manifesto”.
O professor explica ainda que a paródia de “Show das Poderosas” para a aula de Neoliberalismo também surgiu após uma notícia. “Li que a Anitta reclamou quando alguém jogou um objeto contra ela em um show, e disse que aquilo era ‘coisa de pobre’. Foi aí que surgiu a ideia de fazer algo com a música”, diz. Desta vez, a música fala “Prepara que agora é hora do neoliberalismo, dos ricos, dos bancos, nosso capitalismo”.
Para fechar a “trilogia” sobre política, o professor prepara mais uma paródia. “Comecei uma sobre anarquismo com a melodia de 'Chópis Centis', dos Mamonas Assassinas”, conta. Ele afirma que a intenção é fazer mais músicas para as suas aulas. “Quero fazer algo sobre Roma antiga, Cruzadas, Renascimento, Iluminismo, Segunda Guerra Mundial e sobre a Ditadura Militar no Brasil”, afirma.
Sabran destaca que o principal objetivo é incentivar outros professores com a sua metodologia. Para isso, ele criou um canal no Youtube com os vídeos criados. "Da mesma maneira que um video na internet me ajudou a montar uma aula interessante, será muito bom ver colegas usando os meus videos", destaca.
g1

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