O argentino Montillo mal consegue disfarçar seu desejo de jogar no Flamengo. Nem mesmo com os chineses do Shandong Luneng - time também de Diego Tardeli, dirigido pelo técnico Cuca -, para o qual se transferiu, há um ano, após deixar o Santos. Em janeiro, na pré-temporada de sua equipe no Brasil, o jogador tornou pública sua vontade. A negociação esteve perto de ser fechada, mas não saiu por causa da resistência de seu clube. Resignado, Montillo voltou para a China, onde cumpre seu contrato sem perder a esperança de um desfecho positivo no meio do ano. Ele evita o assunto, mas é público que seus dois filhos pequenos têm enfrentado problemas de adaptação. Em entrevista por WhatsApp, depois de algumas tentativas frustradas pelo telefone, o meia argumentou que não seria ético falar do Flamengo agora, pois tem vínculo com os chineses e um compromisso com os companheiros de time. Mas deixou claro: mantém vivo o sonho de voltar ao Brasil, e sobretudo de morar no Rio. A vontade é tanta que Montillo já teria aceitado receber no Flamengo menos do que recebe no Shandong Luneng. O negócio, porém, depende da liberação dos chineses.
No início do ano, você escancarou a vontade de jogar no Flamengo. O desejo continua?
Durante a nossa pré-temporada no Brasil, tornei público o meu desejo. Mas o negócio não foi adiante, e acabei ficando aqui mesmo na China. Tenho contrato com o Shandong Luneng e não posso ficar falando do Flamengo, da minha vontade de voltar ao Brasil. Seria, no mínimo, falta de respeito com os meus companheiros. Temos competições importantes pela frente, e é nisso que estou concentrado agora.
O seu acordo com o Shandong Luneng termina quando?
Eu tenho contrato até o fim de 2016.
Há alguma possibilidade de sair antes do fim do contrato, sem criar problema com os chineses?
Não sei dizer. Tem que perguntar aos chineses.
O namoro com o Flamengo vem de longe. O rubro-negro foi o primeiro clube do Brasil a mostrar interesse na sua contratação quando você ainda jogava no Chile...
É verdade. Jogava no Universidad de Chile e enfrentamos várias vezes o Flamengo. Fui bem e chamei a atenção, mas depois a negociação não deu certo.
Você acabou indo para o Cruzeiro e foi muito bem em 2010 e 2011.
Realmente. Minha passagem pelo Cruzeiro foi excelente. A adaptação foi fácil, deu tudo certo.
O mesmo não se pode dizer de sua passagem pelo Santos. O que deu errado na Vila Belmiro?
Cheguei ao Santos num momento complicado. O Neymar tinha saído, e o clube estava se adaptando à realidade. O time sentiu muita falta do Neymar no início, foi difícil. Mas não gosto de ficar dando desculpas. A verdade é que as coisas não saíram como eu queria, como eu esperava. É isso, e pronto.
Você e sua família estão adaptados à China depois de um ano no outro lado do mundo?
Sim, mas não é fácil, não... São costumes muito diferentes... Mas sempre tentamos pensar positivamente, olhando sempre para a frente.
Agradaria morar no Rio?
Quem não gostaria? O Rio é uma cidade muito linda para se viver.
Você é sempre lembrado aqui no Brasil quando um clube está atrás de um meia habilidoso, criativo...
Eu fico muito feliz quando um clube brasileiro me procura. Isso quer dizer que fiz meu trabalho bem feito quando joguei aí.
A dificuldade do futebol brasileiro de produzir meias tem alguma coisa a ver com essa fixação?
Aí eu não sei. Gosto muito do futebol brasileiro, e, para mim, há meias muito bons por aí.
Às vésperas de completar 31 anos (faz aniversário dia 14 de abril), você ainda sonha com a seleção argentina?
Hoje, acho difícil. Tenho as melhores lembranças da seleção do meu país, mas a gente sabe que o futebol da China ainda está em desenvolvimento, não tem muita divulgação no mundo. Você tem que sonhar sempre, mas também é bom ser realista.
A torcida do Flamengo continua esperando você. O que dizer a ela?
Muito obrigado pelo carinho que recebi e sempre recebo do torcedor rubro-negro. Que o Flamengo tenha um ótimo ano, com grandes sucessos.
OGLOBO
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