sábado, 9 de janeiro de 2016

Pesquisas recentes mostram os benefícios do café para a saúde

Pesquisas recentes mostram os benefícios do café para a saúde Valentyn Volkov/Shutterstock

Desde a descoberta milenar desse grão acessível e com poder estimulante, o café se tornou um produto básico na mesa dos brasileiros e uma das bebidas mais consumidas no mundo. Coado em casa, quentinho ou gelado nas cafeterias gourmet, para alguns, o café virou uma necessidade para começar o dia com disposição e, para outros, um motivo para se reunir. Com toda essa popularidade, uma dúvida permanece na mente de muita gente: o café faz bem à saúde?

Especialmente devido à composição com cafeína, a bebida nem sempre foi associada a um estilo de vida saudável. A maior parte dessa reputação foi construída com base em pesquisas publicadas nos anos 1970 e 1980, que associaram o consumo de café a riscos maiores de doenças cardíacas e câncer — mas sem que outros hábitos dos participantes, como dieta, uso de álcool ou tabagismo, fossem considerados. Atualmente, quanto mais a ciência investiga as propriedades e os efeitos do café, mais longe a bebida fica dessa imagem negativa.

O produto é rico em antioxidantes, ajuda a evitar o diabetes e, de acordo com recentes descobertas realizadas por pesquisadores brasileiros, não seria contraindicado sequer para quem sofre de doenças cardíacas. Além disso, é um aliado da performance durante o treino para quem pratica atividades físicas.

— As pesquisas científicas com a cafeína começaram há mais de 20 anos tentando provar que o café é um vilão. Os dados epidemiológicos e as pesquisas de longa duração mostram que, na verdade, não se tem comprovações de que faria mal à saúde. Pelo contrário, há muitos benefícios — explica Marcelo Cossenza, pesquisador associado da Unidade de Pesquisa Café e Cérebro do Instituto D'Or, do Rio de Janeiro.

Um vilão para o coração?

Na década de 1990, pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer (NCI, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, iniciaram um acompanhamento com cerca de 400 mil homens e mulheres entre 50 e 71 anos. No artigo publicado no The New England Journal of Medicine, em 2012, com os resultados de mais de 13 anos de pesquisa, os cientistas mostraram que o risco de mortalidade entre os bebedores de café era até 10% menor do que o dos participantes que não consumiam a bebida.

"Uma considerável atenção foi dada à possibilidade de que o café pode aumentar o risco de doenças cardíacas", dizia um dos trechos iniciais do artigo. Mas o comprovado pela pesquisa foi justamente o contrário: quem bebeu café ao longo dos anos tinha menores riscos de morrer por doenças cardíacas, respiratórias, diabetes e infecções.

Em 2015, foi publicado no periódico científico Circulation um estudo liderado por um pesquisador do Departamento de Nutrição da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, com base em dados coletados de 200 mil pessoas. Os participantes que bebiam até cinco xícaras grandes de café por dia apresentaram menos risco de morrer de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Os resultados foram semelhantes para os adeptos da bebida descafeinada, o que sugere que não seria apenas a cafeína a detentora dos benefícios, mas também outros agentes químicos presentes no grão da planta.

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Estudos feitos no Brasil também questionam o status de vilão do grão em relação a doenças cardíacas. Uma equipe da unidade Café e Coração do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) conduziu uma pesquisa com pacientes que estavam sob acompanhamento ambulatorial após sofrerem infartos ou serem diagnosticados com problemas de angina. Para os testes, os participantes consumiram de três a quatro xícaras de café ao longo de quatro semanas, e, em períodos distintos da pesquisa, utilizaram grãos com torras diferentes para preparar a bebida.

Depois de semanas ingerindo cerca de 400ml de café por dia, eles foram submetidos a exames que apontaram que não houve aumento na pressão arterial e nem arritmia cardíaca. Ainda na pesquisa, verificou-se que a torra mais escura seria a mais benéfica.

— Dizer que um paciente não pode tomar café não é verdade. Os médicos sempre proíbem café para tudo. O problema surge para quem nunca toma e ingere uma dose. Nesse caso, a pessoa pode ter, sim, taquicardia e a pressão vir a aumentar naquele momento, mas se a ingestão da bebida se tornar um hábito, isso desaparece — completa o cardiologista Luiz Antonio Machado César, diretor do Centro de Pesquisa Café e Coração.

MSN

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