Antes de pegar a chave da casa
própria, é necessária ter atenção e refletir muito para evitar dores de
cabeça futuras e proteger o patrimônio financeiro.
Para guiar futuros compradores, o iG ouviu
consultores financeiros com o objetivo de verificar quais são os mitos e
as verdades na hora da aquisição de um imóvel, seja para morar ou para
investir.
Imóvel sempre se valoriza
Mito. Casas e
apartamentos se valorizaram muito nos últimos dez anos no Brasil, mas
não foi sempre assim, conta o consultor financeiro André Massaro. "Na
década de 1980, com a hiperinflação, imóveis tiveram desvalorização real
no País. A tese de que imóvel não desvaloriza é papo de corretor. A
unidade pode até manter seu valor nominal, mas a inflação pode ter
impacto sobre o investimento".
Para Massaro, uma bolha imobiliária, já
registrada em outros países, como Estados Unidos e em alguns países da
Europa, pode acontecer também no Brasil. "Portanto, é bom não contar com
a valorização ao adquirir uma unidade. Ela pode ou não acontecer".
A valorização irá depender,
principalmente, da evolução da renda dos futuros compradores, bem como a
atividade econômica do País. "O conselho é o mesmo dado para quem
investe em ações na bolsa de valores: o desempenho passado dos imóveis
não garante o desempenho futuro", conclui Massaro.
Comprar uma casa ou apartamento é seguro
Mito. Quem compra um imóvel assume riscos imprevisíveis, que podem não estar incluídos em projeções econômicas.
Como consequência, especialistas
costumam enquadrar o investimento em um imóvel como renda variável,
assim como a aplicação em ações. Isso porque o valor da unidade pode
oscilar ao longo do tempo, e fazer com que o dono do bem perca dinheiro
caso queira revendê-lo naquele momento. É um risco médio, mas que
existe, diz o professor da PUC-SP, Fabio Gallo.
Além disso, a liquidez de um
investimento em um imóvel é menor do que a de outras aplicações
financeiras. "Em uma emergência, não é possível contar que será possível
vender a casa ou apartamento no prazo esperado e pelo preço que se
quer. Isso depende de negociações", conta Gallo.
Apartamentos em andares altos e com face para o sol são mais valorizados
Verdade. Mais
procuradas, estas unidades acabam tendo um custo um pouco maior, seja
por conta do barulho (que quase sempre é menor) e o benefício de uma
vista ampla no caso de andares superiores, ou a diminuição de problemas
como mofo com a incidência maior de luz solar nos ambientes.
Mas essas questões não devem ser
decisivas para a compra, e nem o comprador deve esperar uma diferença
substancial na valorização do imóvel ao longo do tempo por conta delas.
"As características acabam sendo utilizadas mais como argumento de venda
no lançamento do imóvel. No longo prazo, o futuro comprador irá
encontrar menos opções à venda no empreendimento, e estas
características ficam em segundo plano", diz o professor de finanças da
PUC-SP, Fabio Gallo.
Imóvel na planta é mais vantajoso
Mito. O imóvel na
planta só é mais barato por conta dos riscos do projeto, que os
compradores compartilham com a incorporadora responsável pelo
empreendimento. Não à toa, o preço da unidade aumenta conforme as obras
avançam, o prédio está pronto para morar e é um imóvel usado.
O professor de finanças da PUC-SP, Fabio
Gallo, pontua que os riscos do imóvel na planta são diversos: não é
possível saber se a construção do imóvel será seguida à risca, se as
obras irão atrasar ou se até a construtora irá pedir falência. “O
desconto no valor da unidade pode não compensar a dor de cabeça e custos
com multas e ações judiciais nestes casos”.
Obter renda com aluguel sempre compensa a compra
Mito. O
rendimento com aluguéis pode não compensar o preço pago pelo imóvel. É
necessário verificar qual o valor do aluguel a ser cobrado na locação da
unidade, e calcular a remuneração mensal que poderá ser obtida com
relação ao preço pago pela casa ou apartamento.
O resultado pode não compensar a compra com o objetivo de
investir, e outras aplicações financeiras podem ser mais atrativas para o
investidor. A renda obtida com aluguel também pode ser impactada por
impostos, períodos sem inquilino (no qual o dono do imóvel tem de pagar
as despesas com condomínio), inadimplência e reformas como consequência
da falta de manutenção do imóvel pelos inquilinos.
Com taxas de juros mais altas, a tendência é que o
investimento não compense, diz o consultor financeiro André Massaro.
“Isso porque a remuneração do aluguel pode ficar abaixo da oferecida por
aplicações de renda fixa, mais seguras”. Novamente, não é prudente
contar com a valorização do imóvel, que depende de diversas variáveis.
Antecipar a quitação do financiamento é bom negócio
Verdade. Caso o dono do imóvel tenha planejado um
pagamento maior do que as parcelas mensais, e este desembolso a mais não
interfira no orçamento da família, antecipar a quitação do
financiamento imobiliário reduz o pagamento de juros e diminui o custo
final. Como resultado, alivia o orçamento futuro. “O banco é obrigado a
dar descontos”, diz o professor da PUC-SP, Fabio Gallo.
Imóvel com menos quartos é mais barato
Mito. O número de quartos mais valorizado em um
imóvel varia conforme a oferta e demanda dos compradores, bem como
estratégias das incorporadoras.
Imóveis com três e quatro dormitórios podem ter sido mais valorizados
em determinado momento, enquanto apartamentos de um quarto podem ter um
metro quadrado com valor mais alto em algumas regiões de uma cidade,
devido à maior procura e, consequentemente, maior liquidez de revenda. A
possibilidade de cobrança de um valor maior pelo aluguel também pode
atrair investidores para a compra de apartamentos menores.
Segundo o professor de finanças da PUC-SP, Fabio Gallo, é difícil
saber como o mercado imobiliário irá se comportar no futuro. “Existem
muitos modismos. A saída é calcular o melhor custo benefício na hora da
aquisição, de acordo com a necessidade”.
Reformar antes de vender sempre valoriza o imóvel
Verdade. Porém, a valorização depende da reforma.
Isso porque, caso ela tenha um grande impacto no preço do imóvel, pode
restringir a liquidez na hora de vender a unidade. “Colocar mármore ou
torneiras sofisticadas na unidade pode não ter valor para o futuro
comprador”, diz o professor da PUC-SP, Fabio Gallo.
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